A Censura
Lápis Azul:
O “lápis azul” riscou notícias, fados, peças de teatro e livros, apagou anúncios publicitários, caricaturas e pinturas de parede. Sendo proibida qualquer referência ao material censurado, poucas foram as oportunidades de ver o que se perdeu.(4)
“ (...) Com Salazar, a Censura carimbava CORTADO quando os cortes eram integrais, AUTORIZADO COM CORTES quando eram parciais, e também apunha o carimbo de SUSPENSO , nos casos em que era requerida decisão superior.
Com Caetano, o Exame Prévio carimbava PROIBIDO nas provas cortadas na íntegra, AUTORIZADO PARCIALMENTE nas que sofressem cortes parciais e DEMORADO nas que fossem sujeitas a instância superior. As que passavam sem cortes eram simplesmente carimbadas a azul com a designação VISADO (no tempo de Salazar) ou VISTO (no de Caetano).
Todos os artigos passavam pelo exame prévio e só depois seriam publicados, se os censores o autorizassem (...)”.
Marcello Caetano
levou mais longe a encenação da liberdade.
A partir de Junho de 1972, com a
entrada em vigor da Lei de Imprensa que o regime fizera aprovar em Novembro de
1971, a expressão VISADO PELA CENSURA foi erradicada das páginas dos jornais.
Mas a censura manteve-se através do regime de Exame Prévio, evolução registada
nas provas a partir de Junho de 1972 (...) “
Saber mais: http://srec.azores.gov.pt/dre/sd/115161010600/contacto/0708/outrsocontactos/0607/0607/espacodomundo/censura.htm
Um espaço para ler, escrever, pensar, trocar ideias, estudar,saber mais sobre o mundo...
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Sátira
Para verem como era a Av. 5 de Outubro e outras ruas,
de acordo com o que falámos durante a Visita ao Centro Histórico
Largo de S. Pedro. 1931
A sátira sempre esteve presente no Carnaval de Torres.
Deixo um excerto da autoria do Dr. Jaime Umbelino, onde ecoam versos de Os Lusíadas (epis. de Inês de Castro), aqui alterados para a dimensão cómica:
Trecho do discurso ao Rei do Carnaval, em 1940:
Estava a linda Inês posta em sossego
(Aonde não se sabe nem interessa)
Na margem do Sizandro ou do Mondego
- Era aí o teatro da tal peça –
Quando o Adamastor, irado e cego,
Se alevantou, sentado na tripeça,
E, calmo, disse assim, por entre as pedras:
Carnaval só há um: - em Torres Vedras!
E as ninfas e os faunos e as sereias,
Soprando na trombeta a alta Fama,
Trataram de secar ao sol as meias,
Dormiram... levantaram-se da cama,
E vieram calçando mil areias,
Sem medo ao sol, à chuva ao vento, à lama
Atravessando o mar e os oceanos ...
Só para ver o Chafariz dos Canos!...
domingo, 2 de fevereiro de 2014
O Português segundo FP
As virtudes
do tipo português
“homem harmónico,
mente segura e planeadora, braço apto a realizar o que ele próprio planeou.
Reunia a audácia e a ciência" F. Pessoa
“Esse português fez as
Descobertas, criou a civilização transoceânica moderna, e depois foi-se embora.
Foi-se embora em Alcácer Quibir, mas deixou alguns
parentes, que têm estado sempre, e continuam estando, à espera dele.” F. Pessoa
O Herói (arquétipo do
português) é:
-
Consagrado a uma
missão
-
Agente de uma vontade
transcendente e divina
-
Capaz de estar à
altura, de ler os sinais e agir em conformidade:
-
Sente-se impelido/ é
chamado
-
Planeia/ sonha
-
Age
Assim:
-
As figuras históricas
que desfilam na Mensagem valem pelo ideal que representam: valentia, arrojo,
previsão, fé, «loucura», sentido de missão…
- Cada um é um exemplo do que de melhor reside no fundo da nação, «à espera» de depertar, de novo. Por isso: «É a Hora!»
Mensagem - ideal e mito
ØA Mensagem
apresenta uma leitura simbólica e mítica da História de
Portugal.
ØO que em Os
Lusíadas é ação/história, na Mensagem é ideal/mito.
Ø Parte de um núcleo histórico concreto (como Os Lusíadas), e
de personagens com existência histórica (como Os Lusíadas), mas
Ø O que interessa ao poeta, o que une todos esses “heróis”
(ganhadores ou perdedores), é:
Ø o seu lado ideal e
mítico
Øo cumprimento de uma
missão maior a que foram chamados
Øa “febre d’Além”
Øa grandeza de alma
insatisfeita
Øo sonho que eleva a
humanidade acima da “besta sadia”.
ØTem
por base a ideia mítica do destino (ou desígnio) dos povos para determinadas
missões:
Ø “Deus ou os deuses talharam o destino dos povos.” (J. Prado Coelho)
ØA Mensagem representa o “elogio do Português,
desvendador e dominador de mundos”, não enquanto poderio terreno, mas enquanto
ideal, procura de Absoluto.
ØO
Império Português do Século XVI é visto como um “obscuro e carnal arremedo”
desse outro Império Espiritual por achar:
Ø“Cumpriu-se o Mar, e o império se desfez./Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
MENSAGEM - o V Império
Fernando Pessoa e a teoria dos Impérios
•1º - Império Grego (que sintetizou e ampliou os
conhecimentos/a experiência dos antigos
impérios)
impérios)
•2º - Império Romano (que
integra e sintetiza a cultura grega)
•3º - Império Cristão (fusão
do mundo grego e romano, integrando o elemento hebraico)
•4º - Império Europeu / Inglês
(ampliado por toda a terra e resultado da fusão do mundo
antigo com a moral cristã)
antigo com a moral cristã)
•5º - O Quinto
Império (o qual “ fundirá os quatro
anteriores com tudo
quanto esteja fora deles”):
–O primeiro império verdadeiramente universal;
–Um Império Espiritual.
–O desígnio de Portugal é cumpri-lo :
“Depois da conquista dos mares deve vir a conquista das almas.”
Mensagem e Os Lusíadas
Mensagem e Os Lusíadas
A Mensagem é um livro de 44 poemas breves, escritos em várias épocas,
que, no seu conjunto, constituem um longo poema. Apresenta uma leitura
simbólica e mítica da História de Portugal. Apesar de partir de um núcleo
histórico concreto, e de personagens com existência histórica, o que interessa
ao poeta, o que une todos esses “heróis” (ganhadores ou perdedores), é o seu
lado ideal e mítico, o cumprimento de uma missão maior a que foram chamados, a
“febre d’Além” (ver D. Fernando, Infante de Portugal), a grandeza de alma
insatisfeita, o sonho que eleva a humanidade acima da “besta sadia”. A matéria
literária é histórica. A leitura dela feita é lírica, simbólica e mítica.
Na Mensagem,
Portugal é um instrumento de Deus; os heróis cumprem um destino que os
ultrapassa: “Foi Deus a alma e o corpo Portugal”. (F.P.) “Deus ou os deuses talharam o destino dos
povos.” (J. Prado Coelho)
A Mensagem é um “elogio do Português, desvendador e dominador de
mundos”, não enquanto poderio terreno, mas enquanto ideal, procura de Absoluto.
Por isso o Império Português do Século XVI foi apenas um “obscuro e carnal
arremedo” desse outro Império Espiritual por achar: “Cumpriu-se o Mar, e o império se
desfez./Senhor, falta cumprir-se Portugal!” . Pessoa exalta não o
Império terreno, mas o Projecto, a Ideia condutora, o imaterial, o sonho, o
mito, a fome de impossível, a loucura enquanto arrojo, quimera.
“Depois da conquista
dos mares deve vir a conquista das almas.”
Também Camões e Os Lusíadas apresentam uma visão
mística e de missão da História de Portugal. D. Sebastião n’Os Lusíadas é
“Maravilha fatal da nossa idade, / Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
/Para do mundo a Deus dar parte grande” (para alargar a Cristandade). D.
Sebastião é o símbolo do nosso messianismo – promessa, esperança, salvação,
renovação. Mas muito do que em
Os
Lusíadas é acção/história,
na Mensagem é já só ideal / mito. Do destinatário real de Os Lusíadas (D. Sebastião, rei de
Portugal em 1572) Camões espera acção concreta ligada ao ideal de cruzada, num
tempo específico, face a problemas, situações e vícios enumerados ao longo da
obra, nos finais dos cantos. Para Pessoa, a evocação da figura é do âmbito do
símbolo, do mito. Pessoa no-lo afirma:
«O sebastianismo,
fundamentalmente, o que é? É um movimento religioso, feito em volta duma figura
nacional no sentido dum mito. / No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal:
Portugal que perdeu a grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la com o
regresso dele, regresso simbólico. (…) morto D. Sebastião, o corpo, se
conseguirmos evocar qualquer coisa em nós que se assemelhe à forma do esforço
de D. Sebastião, ipso facto o teremos
evocado (…) Por isso quando houverdes criado uma coisa cuja forma seja
idêntica à do pensamento de D. Sebastião, D. Sebastião terá regressado.»
Fernando Pessoa, in
Sobre Portugal, ed. Ática (sublinhado, meu)
Quanto à estrutura Os Lusíadas são pela forma e pela
substância (exaltação da acção humana) uma epopeia clássica, a narração onde se
entrelaçam a Viagem de Vasco da Gama, as intrigas dos Deuses e a História de
Portugal.
A estrutura da Mensagem tem por base uma teoria
cíclica – a das Idades; está dividido em três partes, pois olha a história da
pátria como o mito de:
- nascimento (Brasão),
- vida (Mar Português)
- morte de um mundo, seguida dum renascimento (O Encoberto):
“Ó Portugal, hoje és nevoeiro... / É a Hora ! “ (“Nevoeiro”) .
A primeira e a terceira parte estão subdivididas: Brasão subdivide-se de acordo com os símbolos da bandeira nacional - «Os Campos», «Os Castelos», «As Quinas», «A Coroa» e «O Timbre»; a 3ª apresenta «Os Símbolos», «Os Avisos» e «Os Tempos».
Todas estas divisões e designações revelam um sentido emblemático, ocultista; mais interpretativo e espiritual que narrativo/épico (como aconteceem Os Lusíadas ). Pessoa
vê símbolos em tudo.
- nascimento (Brasão),
- vida (Mar Português)
- morte de um mundo, seguida dum renascimento (O Encoberto):
“Ó Portugal, hoje és nevoeiro... / É a Hora ! “ (“Nevoeiro”) .
A primeira e a terceira parte estão subdivididas: Brasão subdivide-se de acordo com os símbolos da bandeira nacional - «Os Campos», «Os Castelos», «As Quinas», «A Coroa» e «O Timbre»; a 3ª apresenta «Os Símbolos», «Os Avisos» e «Os Tempos».
Todas estas divisões e designações revelam um sentido emblemático, ocultista; mais interpretativo e espiritual que narrativo/épico (como acontece
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