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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett

Vamos ao Teatro!


Aqui fica um excerto da primeira adaptação ao cinema desta obra de Almeida Garrett.



Ficha Técnica



1 comentário:

  1. Querido Diário
    Nestes últimos dias tenho sentido uma tristeza muito grande dentro de mim, minha mãe já não chora, já não se infada comigo, apesar de nunca o fazer. Será que lhe ando a dar muitos cuidados?
    Minha pobre mãe é esta a minha grande tristeza, não tenho nada e tenho saúde. Minha mãe até me diz que hei-de viver muitos anos para consolar e amparar meus pais que tanto me querem. Mas esta tristeza é mais forte, passo noites inteiras em claro a lidar nisto e a lembrar-me de quantas palavras lhe tenho ouvido, e a meu pai recorda-me da mais pequena ação e gesto. Minha mãe quis que lhe contasse que flores tinha no meu jardim, e como estavam mas infelizmente murchou tudo, tudo estragado da calma.
    As papoulas são as que fazem dormir colhi-as para as meter esta noite debaixo do meu cabeçal, quero dormir um sono, não quero sonhar.
    Minha mãe já me diz que sonho acordada, sou a única filha e sei que todas as esperanças de meu pai são postas em mim. Já não sei o que hei-de fazer, estudo, leio, se bem que minha mãe acha que leio é demais, que me canso, que não me distraio como as outras donzelas da minha idade.
    O que eu sou, só eu sei, e não sei nada senão que o que devia ser não sou. Oh porque não havia de eu ter um irmão que fosse um galhardo e valente mancebo capaz de comandar os terços de meu pai, de pegar numa lança daquelas com que os nossos avós corriam a Índia, levando adiante de si turcos e gentios! Um belo moço que fosse e retrato daquele gentil cavaleiro de Malta que ali está. Como lhe iria ficar bem o preto, com aquela cruz tão alva em cima. Mas não foi a vontade de Deus ter um irmão. Tomara que meu pai chegue de Lisboa...


    Vânia Lourenço

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