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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Torres Vedras - no tempo de Camões

Nem a chuva nos assusta... afinal, não é todos os dias que temos tempo e atenção para repararmos e darmos valor aos monumentos de Torres Vedras que já cá estavam no tempo de Camões e atravessaram estes séculos.

 Escadaria da Rua dos Cavaleiros da Espora Dourada


Igreja de Santiago
A igreja original terá provavelmente sido construída no reinado de Afonso Henriques (século XII).
A atual foi reconstruída no tempo de Camões

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Plano das Reflexões do Poeta


Trabalho patente na Exposição Linhas Cruzadas, T. Vedras, 2010
A epopeia tem, por natureza, um carácter eufórico e de exaltação das façanhas do herói (individual e colectivo, no caso d’Os Lusíadas).
No entanto, Camões – com lucidez e espírito crítico – revela o seu desencanto frente a uma pátria “mergulhada numa austera, apagada e vil tristeza”, intervindo criticamente e/ou didacticamente, sobretudo no final dos cantos.     
 
 
CAMÕES FAZ REFLEXÕES CRÍTICAS / ADVERTÊNCIAS dirigidas a:
Ø Canto IInsegurança e fragilidade da vida: “(…)Onde terá segura a curta vida/Que não se arme e indigne o Céu sereno/Contra um bicho da terra tão pequeno?” (C.1, 106)
 
Ø Canto IVAmbição e ousadia dos navegantes e suas previsíveis consequências nefastas, a exemplo de Adão, Prometeu, Ícaro; a evidência deste arrojo como próprio da “humana geração”, essa “estranha condição”. (IV, 104)
 
Ø Canto VFalta de interesse pelas Artes e as Letras: “(…) não se ver prezado o verso e a rima/ Porque quem não sabe arte, não na estima.” (V, 87); o mesmo motivo será repetido nos Cs. VII e X.
 
o  Adverte para que os heróis devem às Musas a sua fama, ou seja: o verso/a rima são necessários à imortalização dos heróis: “ Às Musas agradeça o nosso Gama/O muito amor da pátria, que as obriga/A dar aos seus, na lira, nome e fama”
 
Ø Canto VICensura da inacção, do luxo; crítica aos que dormem à sombra dos antepassados, aos que se acomodam;
·     Advertência de que a honra só se alcança com virtude e acção. Necessidade de “árduo sofrimento”, de “trabalhos graves e temores”, do buscar com “seu forçoso braço” a “fama” e as “honra imortais e graus maiores”; (VI, 95-97)
 
Ø Canto VIIIngratidão da pátria perante o seu mérito; Camões – “Numa mão sempre a espada e noutra a pena” – lastima a falta de “prémio” (reconhecimento) por parte “daqueles que (…) cantando andava”;
 
Ø Canto VIIIPoder corruptor do dinheiro; este “faz traidores e falsos os amigos”, “A mais nobres faz fazer vilezas”, “Os juízos cegando e as consciências”, “faz e desfaz leis”; o dinheiro “corrompe” e “ilude”; (VIII, 96-99)
 
Ø Canto IXCensura das “honras vãs” -  cobiça, avareza e tirania infame – que “verdadeiro valor não dão à gente” por oposição às “riquezas merecidas” [leis justas; feitos de armas]; (IX, 92-94)
·Advertência de que o ócio transforma o livre em escravo: “Se quiserdes no mundo ser tamanhos, / Despertai já do sono do ócio ignavo [indolente], / Que o ânimo, de livre, faz escravo.”
 
Ø     Canto XCansaço de cantar “a gente surda e endurecida”; Crítica à cobiça, avareza e tristeza moral da pátria: “metida no gosto da cobiça (…) apagada e vil tristeza”
 


MENSAGEM

Ø   É publicada num momento que o poeta considera triste, de falta de arrojo criador, de crise de identidade nacional

Ø   Conjuga características da épica e da lírica:

§    Épica: matéria histórica/glorificação dos heróis

§    Lírica: expressão da subjectividade do “eu”; “sonho de um sonho”; leitura interpretativa e pessoal

Ø    Tem um carácter:

o   Profético

Ø A profecia do V Império, com dimensão espiritual;

Ø A presença de um sebastianismo renovador;

Ø D. Sebastião como figura tutelar e inspiradora

 
o  Simbólico e mítico – valorização duma leitura mítica da História de Portugal, carregada de simbologia:

Ø Sinais, avisos, sagrações…

Ø Elementos da mitologia, da heráldica, das sociedades secretas


o  Esotérico (oculto,misteriosos, que poucos conseguem compreender; ensinamento ligado ao ocultismo,com um círculo restrito e fechado de ouvintes.)

Ø  O poeta surge como: mediador, voz, profeta: estabelece a ligação entre Deus e os homens, na revelação dos mistérios divinos de Portugal.

Ø O poeta, tal como a pátria, tem uma missão sagrada.

 

   Ø             O Herói (arquétipo do português)  é:

·      Consagrado a uma missão

·     Agente de uma vontade transcendente e divina

·     Capaz de estar à altura, de ler os sinais e agir em conformidade:

Ø  Sente-se impelido/ é chamado

Ø  Planeia/ sonha

Ø  Age

·     As figuras históricas que desfilam na Mensagem valem pelo ideal que representam: valentia, arrojo, previsão, fé, «loucura», sentido de missão…

 

Ø Visão sacrificial e empreendedora da heroicidade: “Quem quer passar além do Bojador/Tem de passar além da dor”; “Valeu a pena? /Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena.”, “O esforço é grande, o homem é pequeno”