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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Camões, Perdigão perdeu a pena

Deixo-vos um poema muito engraçado, cheio de jogos de palavras, que Camões escreveu - com a pena - sobre as penas de amor de um «perdigão», um pássaro pequeno que quis voar alto demais...
É, como ^veem, uma composição tradicional, uma redondilha.


Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

                  Luís de Camões

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