Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

F. Pessoa e a poesia de Caeiro


 

Pessoa sobre Caeiro:


"O que o mestre Caeiro me ensinou foi a ter clareza"
"O meu mestre Caeiro disse-nos uma vez que, quando o mundo material não tivesse outra vantagem, tinha a de ser visível"



Excertos de um artigo sobre F. Pessoa e a poesia de Caeiro
Os homens que viveram entre os séculos XIX e XX assistiram a uma grande evolução no mundo tanto científica como tecnicologicamente. Essas transformações interferiram muito no modo de vida dessas pessoas que viram suas realidades modificadas quase repentinamente. Descobriu-se, por exemplo, a eletricidade, inventou-se o automóvel, o avião, o telefone etc., descobertas e invenções que foram de extrema importância.
Homem do início do século XX, Fernando Pessoa vivenciou de perto todo esse processo de transformação pela qual o mundo estava passando e sentiu todo o dilaceramento íntimo do homem diante de um mundo cujos valores, definições, limites e certezas tinham caído por terra.
Fernando Pessoa é uma das personalidades que mais se destaca dentro do cenário da Literatura Mundial (...) foi uma das consciências mais lúcidas no mundo moderno, que teve a intuição da grande mutação ocorrida no início do século.
o que mais gerou conflito no homem moderno foi quando ele percebeu que não era só com relação às coisas do mundo que ele se deparava com seu conhecimento intuitivo, mas diante de si mesmo. (…) O homem entrou no século XX sem nenhuma base nem perspetiva.
Diante do caos, Fernando Pessoa criou seus heterónimos, personalidades singulares, numa tentativa de autoconhecimento. Cada um de seus heterónimos foi uma busca de si mesmo por vias diferentes. Fernando Pessoa foi um investigador incansável do conhecimento, de um possível conhecimento objetivo das coisas do universo (homem, mundo, Deus) em meio a um universo em constante transformação. (1)



CAEIRO

É imaginado como um poeta pagão, panteísta, liberto das ideias religiosas, quer de Deus quer de deuses:
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou infelicidade.
(XXI).

Caeiro diz ser apenas um guardador de rebanhos. Como ele mesmo coloca, o rebanho que ele guarda é seus pensamentos, que na verdade (…) são sensações:
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
(IX)
 
Caeiro defende que o real é a própria exterioridade e que não carece de subjetivismos. (…) Caeiro entrega-se à infinita variedade do espetáculo das sensações, principalmente às visuais.

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
(XXVIII)
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar.

(XXVI)
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheira-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido. (IX)




``A espantosa realidade das coisas/É a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é, /E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, /E quanto isso me basta.'' A. Caeiro


 

(1)
MARAUS, Elizabete. Caeiro reinventa sua
realidade: uma leitura de o guardador de rebanhos.

In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. 3, 2007,
Maringá
Disponível em http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/035.pdf




1 comentário:

  1. Palavras de criança,
    Criança que não sou.
    O vento em mim balança,
    Das palavras que não dou.

    Brincar, correr, pular,
    Tudo isto é ser feliz.
    Não deixes de amar,
    Porque a vida assim o quiz

    ResponderEliminar